É comum nos depararmos nas ruas, avenidas e estradas com veículos parados no acostamento com o capô aberto e a fumaça saindo do motor. Parece que o motor esquentou demais e parou de funcionar. Nesse caso, o melhor a fazer é parar o carro imediatamente e levá-lo de guincho diretamente para uma oficina de confiança, pois o sistema de arrefecimento apresentou algum problema, e se o motorista insistir em continuar a rodar com o carro, o motor pode fundir. Nesse caso, não adianta remediar colocando água no reservatório do arrefecimento à medida em que o nível da temperatura vai subindo. Essa prática só agrava ainda mais o problema.
É para controlar o nível da temperatura no motor que existe o sensor no painel. Assim, o motorista pode ficar de olho no nível da temperatura do motor. Se estiver bem acima da metade, é melhor levar o carro a uma oficina de confiança para não correr o risco de ficar parado na rua.
Mas, por que a temperatura do motor pode subir tanto, fazendo o carro parar de funcionar? Como o motor do veículo gera muito calor devido à explosão do combustível que circula dentro dele, existe um sistema que controla esse aquecimento para que a temperatura esteja adequada para o funcionamento do carro. Esse sistema complexo chama-se arrefecimento e é composto por vários itens que operam interligados. O líquido de arrefecimento, uma mistura de água e aditivo feita sempre de acordo com as especificações do fabricante, fica em um reservatório e o seu nível sempre deve estar no máximo indicado no recipiente. A válvula termostática controla o fluxo desse líquido para o radiador que diminui a sua temperatura. A ventoinha, por sua vez, liga o motor ao radiador levando o líquido de arrefecimento. É interruptor térmico que liga e desliga a ventoinha automaticamente para resfriar o motor. Já a bomba d’água envia o líquido para todo o sistema e o sensor de temperatura que, como o próprio nome diz, indica a temperatura do motor no painel do veículo e ao computador da injeção eletrônica.
A falha e o desgaste de qualquer peça que faz parte do sistema de arrefecimento compromete o seu funcionamento, podendo causar danos graves ao motor. A falta do líquido ou o uso de um tipo de aditivo que não condiz com as especificações do fabricante, pode fundir o motor por causa do excesso de temperatura. Fabricantes recomendam trocar o líquido de arrefecimento a cada 30.000 km ou uma vez por ano. Os outros componentes também devem ser checados e inspecionados uma vez por ano e se apresentarem problemas, devem ser substituídos por novos, sempre por peças que estejam de acordo com as especificações do fabricante do veículo.
Fazendo a revisão anual desses itens em uma oficina de confiança, evita-se maiores danos ao motor do carro, garantido o seu funcionamento. Sem contar que, ao fazer a revisão preventiva, o motorista também economiza. Para um veículo com motor 1.0, a troca do líquido de arrefecimento e a limpeza e inspeção de todos os componentes custam, em média, R$ 90,00, ao passo que quando o problema já existe o reparo pode ficar 10 vezes mais caro porque terão de ser trocadas uma ou mais peças. Em alguns casos, é necessário até fazer a retífica do cabeçote. As inspeções realizadas pela Agenda do Carro revelam que o motorista não tem o hábito de checar regularmente os itens do sistema de arrefecimento. Nos mais de 2 mil veículos avaliados, 44% apresentaram problemas no sistema de arrefecimento.
Com medidas simples, o motorista pode evitar que a elevação da temperatura do motor chegue a níveis altos. É importante verificar o nível de arrefecimento uma vez por semana. Sempre, quando o carro está frio. Depois que o veículo roda, é necessário um tempo para o motor esfriar por completo. Fazer a inspeção enquanto o sistema estiver quente, pode ocasionar queimaduras na pessoa que estiver fazendo a checagem por causa da alta temperatura. É importante utilizar produtos e peças que atendam às especificações do fabricante do veículo e consultar o mecânico de sua confiança. Assim, você não fica de cabeça quente.
Antônio Carlos Bento é coordenador do GMA – Grupo de Manutenção Automotiva composto pelo Sindipeças – Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores; Andap – Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças; Sincopeças-SP – Sindicato do Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos no Estado de São Paulo; Sindirepa-SP – Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo, entidades que representam a cadeia de reposição independente de veículos.
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